quarta-feira, 24 de março de 2021

PORTUGAL - Covid-19: Governo garante que não vão faltar enfermeiros faltar enfermeiros para a vacinação


Covid-19: Governo garante que não
vão faltar enfermeiros para a vacinação

 


© TVI24 Covid-19: Governo garante que não vão faltar enfermeiros para a vacinação

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde garantiu esta quarta-feira que não vão faltar enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a vacinação em massa contra a covid-19. As palavras de António Lacerda Sales surgem na sequência de denúncias dos profissionais.

Com o arranque da vacinação em massa previsto para abril ou maio, Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), diz que se trata de uma "carência recorrente" e que o recurso a outros profissionais que não os enfermeiros pode colocar em risco os utentes.

É mais uma asneira das grandes. Administrar vacinas é muito mais do que injetar um produto ou picar na pele com uma agulha, é muito mais do que isso. É preciso fazer um controle antes e depois da administração da vacina e os farmacêuticos não têm competências para assegurar esse serviço", defendeu.

task force quer ter 150 centros de vacinação em massa em todo o país, mas os centros de saúde não têm capacidade de resposta e há já autarquias a pedir ajuda aos farmacêuticos, escreve o jornal Público, nesta quarta-feira.

Agora, António Lacerda Sales afirma que "a partir do segundo trimestre haverá, com certeza, uma aceleração do processo de vacinação".

Temos de criar condições. Foi dito que serão necessários cerca de 2.500 enfermeiros para dentro desta tarefa. Dentro ou fora do SNS, com certeza teremos capacidade para estes números", reiterou.

Plano vai para além do Serviço Nacional de Saúde

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz que este é um plano que vai para além do SNS. Vacinar 95 mil pessoas por dia, como Portugal pretende fazer dentro de semanas, requer a mobilização de vários serviços para além do setor público.

[A vacinação em massa] nunca foi pensada apenas para o SNS, nem só das 09:00 às 17:00", disse Ana Rita Cavaco, em declarações à TVI24.

A profissional pede assim a colaboração de autarquias, estádios de futebol, etc, apelando ainda a que o Governo contrate mais enfermeiros e que recorra aos serviços privados.

Neste ponto, Ana Rita Cavaco pede que os enfermeiros sejam devidamente pagos pelos trabalhos extraordinários a realizar durante a vacinação.

Ordem dos Farmacêuticos quer ajudar

Perante o arranque da vacinação em massa em Portugal, toda a ajuda é bem-vinda. Da Ordem dos Farmacêuticos chega a disponibilidade daqueles profissionais em ajudar no processo.

Ema Paulino, da Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos, refere que quatro mil farmacêuticos estão capacitados para ajudarem na vacinação, que têm formação para administrar vacinas e fazer o processo de monitorização.

Estes profissionais distribuem-se pelas três mil farmácias nacionais, onde, lembra Ema Paulino, "administram vacinas todos os dias". Em vez da alocação destes recursos aos centros de vacinação, aquilo que a Ordem dos Farmacêuticos sugere é que as vacinas sejam administradas nas farmácias, que estão capacitadas para lidar com as reações mais adversas, como anafilaxia por alergias graves.

Em duas semanas, nas farmácias portuguesas foram vacinadas mais de 200 mil pessoas contra a gripe", disse, a título de exemplo.

Em sentido contrário, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses manifestou-se contra a possibilidade de a vacinação contra a covid-19 ser alargada às farmácias, defendendo que o plano de imunização deve ser executado pelos profissionais do Serviço Nacional de Saúde. 

DE: tvi24


BRASIL - NA VISÃO DE GOLPISTAS - O que acontece com Lula e Moro, após ex-juiz ser declarado parcial?


 NA VISÃO DE GOLPISTAS !!!


O que acontece com Lula e Moro, após ex-juiz ser declarado parcial?




De: #BBCNewsBrasil #Política #Judiciário

BRASIL - 2ª TURMA DO STF CONSIDERA SUSPEITA A ATUAÇÃO DO EX-JUIZ MORO


Suspeição de Moro: 2ª Turma do STF considera o ex-juiz parcial em processo contra Lula





 

 

BRASIL - RANDOLFE RODRIGUES SE EXALTA COM GESTO OBSCENO DE ASSESSOR DE BOLSONARO

 

Randolfe Rodrigues se exalta com gesto obsceno de assessor de Bolsonaro em sessão do Senado



ISTO É O QUE REPRESENTA ESSE DESGOVERNO NEGACIONISTA, GENOCIDA BOLSONARO

ASSESSOR DO PLANALTO FAZ GESTOS DE SUPREMACISTAS BRANCOS NO SENADO

 

Filipe Martins, assessor do Planalto, faz gesto de supremacistas brancos no Senado (vídeo)

O sinal com as mãos feito por Martins forma as letras "W" e "P", significando "white power", "poder branco" em inglês. O gesto é usado por neo-nazistas e membros do Ku Klux Klan

247 - Assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins foi flagrado nesta quarta-feira (24) durante sessão remota do Senado fazendo um gesto utilizado por supremacistas brancos nos Estados Unidos.

Enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) falava, Martins apareceu ao fundo da imagem gesticulando:

O sinal feito por Martins, também entendido como "OK", foi cooptado por supremacistas brancos, como neo-nazistas e membros do Ku Klux Klan, para uso em público, sinalizando sua presença. O gesto forma com as mãos as letras "W" e "P", significando "white power", "poder branco" em inglês.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que participava da sessão, entendeu o gesto como uma obscenidade e chegou a pedir que o assessor fosse retirado do local pela Polícia Legislativa. "Eu não sei qual o sentido do gesto do senhor Filipe. Mas é inaceitável, em uma sessão do Senado Federal, durante a fala do presidente do Senado, um senhor estar procedendo de gestos obscenos, ironizando o pronunciamento. Isso é inaceitável, é intolerável. Peço que conduza imediatamente este senhor para fora das dependências do Senado Federal", disse ele.

O presidente do Senado pediu que o fato fosse apurado. "Eu pedirei à Secretaria-Geral da Mesa, igualmente à Polícia Legislativa, que identifiquem o fato apontado por Vossa Excelência, mas eu não prejudicarei o andamento desta sessão do Senado Federal, porque é muito importante nós ouvirmos o ministro das Relações Exteriores, que aqui comparece para poder fazer os esclarecimentos necessários aos senadores. Identificarei, Senador Randolfe a ocorrência do fato. E, tendo havido de fato, nas circunstâncias serão tomadas todas as providências, e enérgicas, por parte da Presidência do Senado".

De: 247

quarta-feira, 17 de março de 2021

BRASIL - Autoridades têm o dever de investigar ataques e ameaças das milícias bolsonaristas à médica Ludhmila Hajjar

 

Autoridades têm o dever de investigar ataques e ameaças das milícias bolsonaristas à médica Ludhmila Hajjar




Desde a corrida presidencial de 2018 até agora, o UCHO.INFO jamais deixou de alertar para o perigo que Jair Bolsonaro representa para a democracia, o Estado de Direito e às instituições. Sempre afirmamos que o presidente da República é um adepto confesso do totalitarismo e em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia brasileira.

Esse cenário vem sendo desenhado aos poucos e de forma continua, sendo que o último capítulo do plano de despotismo teve como alvo a médica cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar, convidada pelo presidente para assumir o Ministério da Saúde, mas recusou a oferta por “divergências técnicas”.

Hajjar foi elegante ao falar sobre a recusa, pois concordar com o negacionismo torpe de Bolsonaro é algo que exala repugnância. Como afirmamos em matéria publicada na edição de segunda-feira (15), o editor do UCHO.INFO disse a interlocutores, no domingo (14), que a médica dificilmente assumiria o comando da pasta pelo fato de Bolsonaro querer sempre ser o dono da última palavra, sendo que em termos de medicina, assim como em outros temas, é um ignaro conhecido.

O totalitarismo cultivado por Bolsonaro ficou evidente durante a conversa com Ludhmila Hallar, que no encontro, no Palácio da Alvorada, relatou estava sendo atacada de forma vil pela milícia bolsonarista. Ao que o presidente respondeu que os ataques fazem parte do jogo. Ou seja, os milicianos que apoiam o presidente da República se encarregam do serviço sujo contra pessoas que não se rendem aos interesses e à ideologia obtusa do governo.

Após anunciar que havia desistido de assumir a pasta, Ludhmila Hajjar foi alvo de desmentido por parte do governo, que usou o ministro Fábio Farias (Comunicações), outro sabujo de plantão, para informar que a médica sequer foi convidada. Essa ação rasteira do governo foi motivada pelas sinceras declarações de Hajjar, que criticou a forma como a pandemia vem sendo enfrentada.

Bolsonaro pode alegar o que bem quiser, mesmo discordando das declarações da cardiologista, mas usar a máquina estatal para desmentir uma profissional renomada e dizer que ameaças de mortes e ataques de milicianos bolsonaristas fazem parte do jogo é no mínimo caso de polícia.

Para reforçar a farsa engendrada pelo Palácio do Planalto, o hotel em que Ludhmila Hajjar ficou hospedada em Brasília divulgou nota negando a tentativa de invasão do estabelecimento. Quem conhece a capital dos brasileiros e os subterrâneos do poder sabem como se dá o desenrolar dos fatos, em especial os ilícitos. Entre acreditar nas palavras da cardiologista e as alegações pífias e bandoleiras do governo, a primeira opção é a que vale.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis e imbuídas de seus deveres, Bolsonaro já teria sido despejado do Palácio do Planalto, pois sobram crimes de responsabilidade cometidos pelo candidato a tiranete dessa república bananeira em que se transformou o Brasil. Além disso, os ataques e as ameaças a Ludhmila Hajjar precisam ser investigados com celeridade.

O tempo urge, é verdade, mas ainda é possível conter a investida ditatorial de Bolsonaro e a súcia de milicianos de plantão.


Brasil vive maior colapso sanitário de sua história, dizem pesquisadores

 

Brasil vive maior colapso sanitário de sua história, dizem pesquisadores

Especialistas da Fiocruz apontam crise hospitalar sem precedentes no país e, para evitar catástrofe maior, fazem apelo pela adoção urgente de medidas de restrição.

    Hospital de campanha em São Paulo

O boletim da Fiocruz mostra que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI no SUS iguais ou superiores a 80%

Com recorde diários de mortes e infecções por coronavírus, o Brasil vive não só o momento mais grave da pandemia como também o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história. A conclusão é de um boletim extraordinário divulgado na noite de terça-feira (16/03) por pesquisadores da Fiocruz.

Segundo o instituto, referência em estudos de ciência e tecnologia em saúde na América Latina, para evitar uma catástrofe ainda maior é necessária a adoção urgente de ações de prevenção e controle.

"Os indicadores apontam uma situação extremamente crítica em todo país. Na visão dos pesquisadores que realizam [a análise], trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil", diz o comunicado da Fiocruz.

Para os pesquisadores, é necessário maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. Eles enfatizam a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.   

O Brasil registrou na terça-feira um novo recorde de mortes diárias por covid-19 desde o começo da pandemia. Em apenas 24 horas, foram oficialmente 2.841 óbitos ligados à doença, segundo dados do Ministério da Saúde.

Com isso, o total de mortes no país associadas à doença chega a 282.127. Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.

Colapso

O boletim da Fiocruz  mostra que, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI destinados à covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%. Destes, 15 apresentam taxas iguais ou superiores a 90%. Das capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou maiores que 80%, 19 delas acima de 90%. 

"Como nos boletins anteriores, chamamos a atenção para o fato de a situação da pandemia por covid-19 ser gravíssima. Um conjunto de indicadores, incluindo as médias móveis de casos e de óbitos e as taxas de ocupação de leitos UTI-Covid-19 para adultos, apontam para situação extremamente crítica ou mesmo colapso, em todo o país", afirmam os pesquisadores.

Os especialistas da Fiocruz citam como exemplo positivo de combate à nova onda de covid-19 o município de Araraquara, em São Paulo. A cidade, segundo o boletim, mostrou como as medidas de restrição de atividades não essenciais evitaram o colapso ou o prolongamento da situação crítica nos serviços e sistemas de saúde. "Araraquara conseguiu reduzir a transmissão de casos e óbitos, protegendo a vida e saúde da população", afirma o estudo.

"Neste contexto de crise e catástrofe, a necessidade de adoção rigorosa de ações de prevenção e controle continua se impondo, em um cenário em que o descontrole da pandemia parece se alastrar", dizem os pesquisadores. "O bloqueio ou lockdown é uma estratégia a ser considerada em situações mais críticas."

rpr/ek (ots)

De: DW Made for Minds

BRASIL - PAZUELLO - SEU LEGADO E SUA RESPONSABILIDADE

 

Caos, omissão e explosão de mortes: o legado de Pazuello na Saúde

Em dez meses à frente do ministério, general obedeceu cegamente ordens de Bolsonaro que contrariavam a ciência, tentou esconder número de óbitos pela covid-19 e falhou em garantir vacinas suficientes para o país.

Eduardo Pazuello, agora ex-ministro da Saúde

"Senhores, é simples assim: um manda e o outro obedece", sintetizou o general Eduardo Pazuello em outubro de 2020 sobre seu papel, após ser desautorizado publicamente por Jair Bolsonaro numa rara ocasião em que tomou uma iniciativa que contrariava a visão do presidente sobre a pandemia. No caso, um anúncio de compra pelo Ministério da Saúde de doses da Coronavac, vacina contra a covid-19 promovida pelo governo de São Paulo, que foi tratada inicialmente com desprezo por Bolsonaro.

Nos dez meses à frente da pasta – quatro como interino, seis como efetivado –, Pazuello, um general da ativa, acabou se destacando mesmo por obedecer ordens sem apresentar questionamentos – incluindo ordens que contrariavam o consenso científico e boas práticas de gestão.

Sem qualquer experiência na Saúde, Pazuello chegou a afirmar em outubro que "nem sabia o que era SUS". Sua gestão também acabaria por ser marcada por omissões trágicas durante a pandemia, inabilidade e erros básicos de administração, apesar de o general ter sido inicialmente promovido pela máquina de propaganda do governo como um "especialista em logística".

Mas um técnico experiente não era o que Bolsonaro procurava para ocupar o cargo em maio de 2020, quando a pandemia já avançava com força no país. Antes mesmo de assumir a pasta, Pazuello atuava como secretário-executivo do ministério. Na prática, era um representante político de Bolsonaro na Saúde.

Depois, na chefia da pasta, o general não fez questão de se cercar de especialistas, preferindo entregar dezenas de cargos-chave para outros militares e ser aconselhado por figuras como o dono de uma rede de cursinhos de inglês e um marqueteiro que se apresenta como "palestrante motivacional e hipnólogo".

O resultado: quando Pazuello assumiu o ministério em 16 de maio, o Brasil acumulava 233 mil casos e 15.633 mortes associadas à covid-19. Na segunda-feira (15/03), quando o substituto do general foi anunciado, o número de casos passava de 11,5 milhões, e o de mortes se aproximava de 280 mil, com o país ocupando o segundo lugar entre as nações com mais óbitos na pandemia.

Na última semana, o país começou a registrar marcas diárias de mortes superiores a 2 mil. A expansão da testagem há muito tempo foi deixada de lado. Recomendações de distanciamento social despareceram das propagandas do ministério.

Já a principal ferramenta para superar a crise, a vacinação, caminha a passos lentos. Por meses, Pazuello e sua equipe ignoraram ofertas de laboratórios, preferindo apostar numa arriscada estratégia de produção local de apenas um tipo de vacina, desenvolvida pela AstraZeneca, que vem sendo envasada em ritmo lento e se deparando com problemas de importação de insumos. Sem vacinação ou estratégia unificada de combate à pandemia, o Brasil virou nos últimos meses um celeiro para novas variantes mais contagiosas do vírus, levando especialistas a afirmarem que o país é uma ameaça global.

Expansão da cloroquina

Após a queda de dois ministros em sequência – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, dois médicos que resistiram a adotar as orientações negacionistas –, Pazuello assumiu o posto colocando imediatamente em prática aquela que era então a principal bandeira do governo: a expansão do chamado "tratamento precoce", especialmente a cloroquina.

O remédio foi apontado em estudos como ineficaz contra a covid-19, e mesmo assim foi adotado por Bolsonaro como instrumento para tranquilizar a população e incentivar a volta ao trabalho, com o bônus de servir de ferramenta para atacar críticos da estratégia negacionista do governo, que poderiam ser pintados falsamente como "torcedores do vírus" quando apontassem a ineficácia do tratamento.

Quatro dias após a saída de Teich, o ministério, já sob a caneta de Pazuello, publicou um novo protocolo de expansão do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19. Era só o início.

Com Pazuello, o Brasil recebeu 3 milhões de comprimidos de cloroquina dos Estados Unidos. Recursos do SUS foram alocados para distribuir outras doses do remédio pelo país. Nesse período, o Exército brasileiro já era sócio na empreitada, produzindo mais de 3 milhões de comprimidos ao longo de 2020. Em outubro, Pazuello também se tornou pessoalmente um garoto-propaganda da cloroquina, ao afirmar que estava tomando o remédio após ser infectado com o coronavírus.

Em janeiro de 2021, enquanto os hospitais de Manaus enfrentavam mais um colapso, Pazuello viajou à capital do Amazonas para lançar um aplicativo que estimulava o consumo de cloroquina e de outros itens do tratamento bolsonarista. Batizado como TrateCov, o app recomendava altas doses de cloroquina até mesmo para bebês. Diante da má repercussão, o aplicativo foi tirado do ar. Ainda assim, a fé na cloroquina persistiu. Em fevereiro, o ministério abriu um novo edital para comprar mais doses do remédio.

Mesmo tendo incentivado o uso do medicamento por mais de sete meses, Pazuello disse agressivamente para uma jornalista que nunca havia recomendado a cloroquina. A mentira coincidiu com um pedido de explicações do Tribunal de Contas da União, que apontou indícios de ilegalidade na utilização de recursos do SUS para distribuir um tratamento ineficaz.

Colapso em Manaus

Ainda em janeiro, ao mesmo tempo em que os hospitais de Manaus estavam sobrecarregados, Pazuello e outros membros do ministério pressionaram a prefeitura local a distribuir mais medicamentos ineficazes. Paralelamente, a pasta ignorou sinais de que a cidade estava sofrendo com desabastecimento de oxigênio nos hospitais. A omissão resultaria na morte de dezenas de pacientes por asfixia.

O caso acabou rendendo uma investigação contra Pazuello no Supremo Tribunal Federal (STF). O general apresentou diferentes versões para o caso, dando declarações contraditórias sobre quando a pasta teria tomado conhecimento dos problemas em Manaus. Pazuello chegou a informar três diferentes datas sobre quando teria sido informado sobre a escassez de oxigênio. Na primeira versão, apontou que foi em 8 de janeiro. Na última, 17 de janeiro, convenientemente depois do colapso, que ocorreu a partir do dia 14.

Com a saída de Pazuello, a investigação deve ser remetida para a primeira instância, já que o general não vai mais contar com foro especial.

Mesmo após a tragédia em Manaus, Pazuello seguiu na mesma linha de negar problemas. Na quarta-feira passada, ele afirmou que "o sistema de saúde está muito impactado, mas não colapsou, nem vai colapsar", mesmo diante dos sinais de estrangulamento da rede de UTIs em dezenas de capitais e grandes cidades.

Falta de transparência

Em um dos lances mais graves da gestão Pazuello, o Ministério da Saúde passou a esconder os números da pandemia em junho de 2020. Em maio, o Ministério da Saúde já havia deixado de publicar nas redes sociais os boletins diários. O último foi publicado um dia antes de o país superar pela primeira vez a marca de mil mortes em 24 horas. Pouco depois, os boletins publicados no site da pasta e disponibilizados para a imprensa começaram a sair cada vez mais tarde. Os releases também passaram a usar uma linguagem otimista, destacando supostos números de curados, e empurrando os dados negativos para parágrafos posteriores.

Sepulturas em cemitério em Manaus

Números de mortes associadas à covid-19 explodiu na gestão Pazuello

O próximo passo foi vandalizar a página que concentra os dados da pandemia, promovendo um sumiço dos números totais de mortes e casos, e destacando um número de curados em caracteres garrafais. O caso provocou um escândalo e a intervenção do STF, que ordenou que todos os dados voltassem ao ar. O ministério obedeceu, mas continuou a usar a linguagem otimista em sua comunicação, passando a replicar nas redes sociais publicações do Planalto que exibiam um "Placar da Vida", que incluía apenas o número de infectados, recuperados e "em recuperação", sem mencionar o número de mortos pela doença.

Com Pazuello, as coletivas de imprensa, que eram diárias na época de Mandetta, também se tornaram uma raridade. O general passou a somente convocar a imprensa quando queria fazer um anúncio positivo, especialmente sobre as tratativas da pasta para comprar vacinas, ignorando por completo esclarecimentos sobre o avanço da doença.

Vacinas: promessas não cumpridas e previsões furadas

Em junho, o governador de São Paulo, João Doria, um desafeto do presidente, anunciou uma parceria com a empresa chinesa Sinovac para produzir a vacina que mais tarde seria batizada de Coronavac. Pouco mais de um mês depois, seria a vez de Bolsonaro assinar um acordo com a empresa anglo-sueca AstraZeneca para a produção de vacinas, em parceria com a Fiocruz.

Na contramão de quase todos os países do mundo, o Ministério da Saúde se comprometeu inicialmente com apenas uma vacina, e não com um leque diversificado como ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos, país que conta atualmente com o maior número de vacinados do mundo.

Contatos com a americana Pfizer no segundo semestre não despertaram o interesse de Pazuello. Desde o primeiro momento, o general e outros militares da pasta deixaram claro que desejavam apenas fazer negócios com laboratórios que permitissem a fabricação de vacinas em território brasileiro, com transferência de tecnologia, seguindo um antigo modelo que foi bastante difundido durante o regime militar (1964-1985).

Propostas da Pfizer e outros laboratórios não incluíam essas cláusulas. No entanto, no caso do laboratório americano, a entrega poderia ter começado já em dezembro. Uma das propostas, apresentada em setembro, previa a oferta de 70 milhões de doses, sendo que três milhões poderiam ter chegado até fevereiro. Até o momento, nem uma dose da vacina AstraZeneca produzida no Brasil foi entregue.

Após fechar apenas com a AstraZeneca, o ministério não selou novos contratos para a aquisição de vacinas por cinco meses.

No período, Bolsonaro passou a alimentar temores infundados sobre o uso de imunizantes, especialmente a Coronavac, e continuou a promover a cloroquina. Em agosto e setembro, mesmo com a pandemia avançando, o ministério de Pazuello direcionou esforços para a implementar temas caros aos apoiadores de Bolsonaro, como a publicação de uma portaria para dificultar procedimento de aborto nos casos em que a gravidez ocorre em decorrência de estupro. 

No segundo semestre: houve apenas uma ocasião em que o ministro e o presidente se estranharam. Em outubro, Pazuello, aparentemente por iniciativa própria, anunciou um acordo com São Paulo para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac. No dia seguinte, foi obrigado a voltar atrás por ordem de Bolsonaro. "Um manda e o outro obedece." Mesmo com a humilhação pública, ele decidiu permanecer no posto.

Pressão

A letargia só começou a ser rompida em dezembro, diante do progresso na elaboração do plano de imunização paulista. Pazuello finalmente manifestou interesse pela vacina da Pfizer, mas logo criaria problemas com a farmacêutica, afirmando que as cláusulas do contrato eram "leoninas", ainda que dezenas de países tenham aceitado os termos. Em janeiro, o ministério chegou a atacar publicamente a empresa, após a Pfizer divulgar que o governo havia ignorado suas propostas anteriores.

Com a pressão aumentando, Pazuello também começou a multiplicar anúncios contraditórios e promessas que logo eram desmentidas. Afirmou que a vacinação poderia começar em dezembro com doses da Pfizer, mesmo depois de a empresa dizer que não poderia mais fornecer nenhuma dose naquele mês. Em um espaço de dias, ele ainda lançou datas como janeiro, fevereiro ou março para o início da vacinação. "A vacina vai começar no dia D, na hora H no Brasil", disse, no início de janeiro, numa fala que acabaria simbolizando a falta de organização da sua gestão.

Ainda em dezembro, Pazuello finalmente apresentou um plano nacional de imunização, após pressão do STF. Mas o documento era vago, sem datas e com informações incompletas sobre protocolos de segurança, e contabilizava vacinas que nunca seriam compradas. Cientistas que foram citados como colaboradores reclamaram que nunca tinham visto o documento.

Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro

Pazuello e Bolsonaro: presidente buscava ministro que atuasse como carimbador de ordens

Paralelamente, a única aposta do governo, a produção de doses da vacina da AstraZeneca no Brasil, passou a sofrer com atrasos. Mesmo assim, Pazuello continuou a apresentar números otimistas. Em dezembro, afirmou que o Brasil teria 15 milhões de doses da AstraZeneca, mesmo com a Fiocruz apontando um dia antes que a entrega só ocorreria a partir de fevereiro – e elas acabariam por ficar para a segunda metade de março. "Para que essa ansiedade, essa angústia?", disse, após críticas pela lentidão.

Mas seria Pazuello que começaria a ficar angustiado diante da pressão por vacinas. No final de 2020, o general e outros membros do governo lançaram uma atrapalhada operação para importar algumas doses prontas da Índia, um golpe publicitário para tentar superar o governo paulista. Mas a carga acabou atrasando e, no final, a corrida pela vacina foi vencida por Doria, que iniciou a vacinação em São Paulo no dia 17 de janeiro. No mesmo mês, o governo finalmente capitulou e fechou acordo para comprar a Coronavac. Até o momento, 13 milhões de doses foram aplicadas no Brasil, a maior parte consiste em vacinas da Sinovac.

A queda

Mesmo passando a liderar uma campanha mínima de vacinação graças à iniciativa de São Paulo, a pasta de Pazuello continuou a errar por conta própria. Em fevereiro, o ministério liderado pelo "especialista em logística" cometeu um engano que também se tornaria um símbolo de desorganização.

Na ocasião, o estado do Amazonas esperava receber 78 mil vacinas, mas chegaram apenas 2 mil. Já o Amapá, com população bem menor, deveria receber 2 mil, mas obteve 78 mil, escancarando que o ministério havia confundido os dois estados do Norte.

Antes disso, Pazuello já havia sido criticado por não comprar seringas com antecedência e deixar milhões de testes não utilizados perderem a validade em depósitos. Pressionado por seus aliados do Centrão e finalmente adotando uma postura pró-vacina em reação à volta do ex-presidente Lula ao cenário político, Bolsonaro acabou entregando a cabeça de Pazuello no último fim de semana.

Na segunda-feira, em uma espécie de coletiva de imprensa de despedida, Pazuello fez um balanço da sua gestão e disse: "Hoje, o Brasil pode se orgulhar de ter um governo que apresenta, com transparência e em tempo real, todas as ações com detalhamento". Na mesma noite, o número total de mortes chegou a 279.286. Ainda na coletiva, numa fala que lembrou sua previsão vaga sobre o "Dia D" da vacinação, o general disse que poderia sair do cargo "em médio, curto ou longo prazo". Poucas horas depois, Bolsonaro anunciou seu substituto.

De: DW Made for Minds

segunda-feira, 15 de março de 2021

BOLÍVIA - GOLPISTA JEANINE ÁÑEZ É PRESA

 Postado em 13/03/2021 7:47

Ex-líder golpista Jeanine Áñez é presa na Bolívia


COVID REVELA: FALTA DE ESTADO CAUSA MORTE

 

Postado em 15/03/2021 6:12

COVID REVELA: FALTA DE ESTADO CAUSA MORTE

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(Foto: Amazônia Real)

Pedro Augusto Pinho*








A pandemia tem sido devastadora para os brasileiros. Neste domingo, 14 de março, só estávamos, na medida universal de morte por milhão, atrás de países privatizados do antigo mundo socialista, onde o Estado foi demolido e as finanças não encontraram, pela baixa renda da população, lucros suficientes para manter serviços médicos.

Da Gazeta do Povo (12/03/2021) retiramos: República Checa 20,54, Eslováquia 17,82, Hungria 14,91, Bulgária 12,85, Bósnia e Herzegovina 9,49 e, na sexta posição, Brasil com 8,49 mortos por milhão de habitantes. Dos nove primeiros, apenas o Brasil não pertenceu ao mundo europeu socialista, privatizado na última década do século passado.

O Brasil vê demolidas as instituições do estado nacional desde 1990. Mas os discursos privatistas começaram com o general Figueiredo, uma década antes, e foram amplamente utilizados pela oposição aos governos militares.

Há várias diferenças entre os generais do século XX e deste século XXI. No século XX tivemos muitos generais nacionalistas que lutaram contra o entreguismo de alguns colegas e a elite civil, satisfeita com os ganhos das exportações de produtos primários e a participação nas comissões das importações de bens industrializados e direitos de uso.

Sem sermos exaustivos, mas de presença significativa, lembremo-nos destes notáveis militares: Henrique Duffles Batista Teixeira Lott, Felicíssimo Cardoso, Artur da Costa e Silva, Júlio Caetano Horta Barbosa, Adhemar de Queiroz, Newton Estillac Leal, José Machado Lopes, Ernesto Beckmann Geisel e Emílio Garrastazu Médici. Todos agiram, nos postos ocupados, tendo a soberania e o nacionalismo como norte da ação do Estado.

Porém, sob a influência do financismo, primordialmente inglês e corruptor da imprensa internacional e da política estadunidense, a oposição aos governos militares não distinguiu questões políticas e sociais das questões geoestratégicas e econômicas, condenando tudo o que se fizera anteriormente, em especial entre os anos 1967 a 1980, e empoderando o poder judiciário.

Também esta oposição, de cunho globalizante, afastou a possibilidade de o Brasil recuperar a trajetória nacional trabalhista que proporcionara os melhores e mais integrais momentos de desenvolvimento do País. A Era Vargas era explicitamente combatida por expoentes da oposição que se apresentavam como de esquerda: Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o início do projeto de abertura política, o único partido que foi impedido de continuar sua trajetória antes de 1964, foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado por Getúlio Vargas e que governara por duas vezes o Brasil: de 1951 a 1954 com o próprio Getúlio, e de com João Belchior Marques Goulart (Jango), de setembro de 1961 a janeiro de 1963, no parlamentarismo, e até março de 1964, no presidencialismo.

Na última eleição para o legislativo nacional, antes do golpe de 1964, em 1962, o PTB com 104 deputados e 11 senadores era o segundo maior partido brasileiro, sendo o maior, também criado por Vargas, o Partido Social Democrático (PSD) com 123 deputados e 16 senadores.

A atuação do general Golbery do Couto e Silva, presidente da Dow Chemical do Brasil e diretor do Banco Cidade, de Edmundo Safdié, para a criação dos partidos políticos, impediu que o PTB fosse para os trabalhistas de 1962.

Todas as articulações deixaram, nas disputas presidenciais após a constituição de 1988, isolado o candidato nacional trabalhista, Leonel Brizola, e foram eleitos os que aceitaram as imposições financistas.

As imposições das finanças estão elencadas no conhecido decálogo do Consenso de Washington das quais destacamos: 1) Disciplina fiscal, evitando grandes déficits fiscais em relação ao Produto Interno Bruto (PIB); 2) Taxas de juros determinadas pelo mercado; 3) Taxas de câmbio competitivas; 4) Livre comércio: liberalização das importações, com ênfase na eliminação de restrições quantitativas (licenciamento, etc.), proteção comercial a ser fornecida por tarifas baixas e uniformes; 5) Liberalização do investimento estrangeiro direto interno; 6) Privatização de empresas estatais; 7) Desregulamentação: abolição das regulamentações que impedem a entrada de novos concorrentes no mercado ou restringem a concorrência, exceto aquelas justificadas por motivos de segurança, proteção ambiental e do consumidor e supervisão prudencial de instituições financeiras e 8) Segurança jurídica para direitos de propriedade privada.

Assim, o Estado vem sendo afastado de suas tarefas, quer no sentido do desenvolvimento e consequente geração de empregos, quer na proteção de seus cidadãos, pelos últimos 30 anos. Com o golpe de 2016, se acelerou a ausência da ação estatal, pelas privatizações e pela incapacidade dos gestores, sejam aqueles escolhidos pelo povo, em eleições bastante suspeitas, sejam nomeados pelos governantes.

Tudo isso explode com o covid. A inépcia, o desinteresse pela vida da população, a prioridade de recursos para a área financeira, aliada à corrupção, leva o Brasil à situação vergonhosa de incúria e incapacidade administrativa para enfrentar a pandemia.

Examinemos os países com maior número de mortes. Registremos que o mundo tem 7 bilhões e 852 milhões de pessoas e já morreram 2.651.578.

O primeiro em número de mortes são os Estados Unidos da América (EUA): 534.189 com a população de 330 milhões; seguem o Brasil com 277.102 e 212 milhões, o México com 194.490 e 126 milhões, a Índia com 158.607 e 1 bilhão e 362 milhões, o Reino Unido com 125.464 e 66 milhões, a Itália com 101.881 e 60 milhões e a França com 90.455 e 67 milhões. Dados da Wikipédia, em 14/03/2021.

Estes números apontam para situação já identificada na estatística que inicia este artigo. Países que reduziram por questões ideológicas, a adoção do neoliberalismo como filosofia de governo e dos mandamentos do Consenso de Washington, a presença do Estado não tiveram da iniciativa privada a mesma proteção que já dispuseram suas populações. Os números apresentados pelos países desenvolvidos, as maiores economias do mundo, como os EUA, o Reino Unido, a Itália e a França são evidencias indiscutíveis. Sem significativa ação do Estado não há proteção social. Os EUA, onde não há sistema de saúde público, encabeçam o número de mortes.

Não havendo reversão da política neoliberal, o Brasil vai sendo um país despedaçado, um país sem governo, um território onde suas enormes riquezas vegetais, minerais, energéticas, aquíferas são objeto de saque pelas finanças internacionais e causa de morte por doenças e fome de seus habitantes.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

De: Pátria Latina